O bispo do Porto ofereceu um jipe para as missões na Guiné-Bissau que vai ser levado por padres e leigos da diocese para o país lusófono, este domingo, após a cerimónia de partida às 15h30, junto à Sé.
“Neste contexto do Ano Missionário é uma expressão das mais eloquentes de que as Igrejas são universais, não vivem fechadas no seu mundo. A Diocese do Porto abre-se ao mundo, à lusofonia, num gesto profético”, disse o padre Almiro Mendes.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o pároco de Canidelo (Vila Nova de Gaia) destaca o “gesto absolutamente admirável” do bispo do Porto ao oferecer um jipe às missões na Guiné-Bissau, onde vai “salvar vidas”, uma vez que a maior parte das vezes funciona como ambulância.
Ao padre Almiro Mendes coube a responsabilidade de “levar o jipe para que chegue direito e comece a salvar vidas”, numa viagem de nove dias que passa por Espanha, Estreito de Gibraltar, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Senegal.
O sacerdote vai completar este gesto de solidariedade pela sexta vez e consigo vão outros três padres – párocos de Oliveira do Douro, Trofa e Macieira da Lixa – que já viveram esta experiência pelo menos uma vez, com medicamentos, roupas e computadores.
Aos presbíteros da Diocese do Porto, acrescentou o entrevistado, associaram-se quatro leigos, que “vão pela primeira vez”, para “levar uma pickup para uma ONG que opera no interior da Guiné, num local recôndito”.
“É a diocese e a sociedade civil a passarem do ‘eu solitário’ ao ‘nós solidário’, a abrir-se à lusofonia e a revelar-se com estes gestos. Realmente, ser missionário pode ser a mais bonita expressão nestes gestos concretos”, desenvolve o padre Almiro Mendes.
Neste contexto, o sacerdote acrescenta que uma ambulância oferecida pelos Bombeiros de Vila Meã deve ser enviada de barco, porque “não pode atravessar o deserto”, e “vai ficar em Bissau, no único hospital pediátrico”.
Os quatro sacerdotes e os quatro leigos da Diocese do Porto que vão levar os dois veículos todo o terreno começam a viagem já este domingo, depois de uma “cerimónia de partida” com a presença do bispo do Porto, às 15h30, na Sé.
D. Manuel Linda também se vai juntar ao grupo, viajando de avião, a 12 de fevereiro, “para que se inteire das necessidades daquele país”, e viaja para a Guiné-Bissau, dedicando os dois dias seguintes a visitar as Dioceses de Bissau e Bafatá, o hospital de Bor e algumas missões, encontrando-se com os bispos locais e missionários.
Sublinhando o “gesto extraordinário” do seu bispo, o padre Almiro Mendes adianta que para além do jipe, D. Manuel Linda também já transferiu uma “considerável quantia de dinheiro para ajudar as missões mais pobres”, dando continuidade à colaboração com a diocese lusófona iniciada em 2005.
O pároco de Canidelo, em Vila Nova de Gaia, recorda que esteve durante um ano inteiro em missão na Guiné-Bissau, num “ato de generosidade” da Diocese do Porto, com “o quinto país mais pobre do mundo”.
“Na Guiné, onde a gente se magoa não é nos nossos sofrimentos, mas nas dores alheias. Cá temos o rendimento mínimo, lá podia haver o sofrimento mínimo, mas não há. Para a maior parte das pessoas o sofrimento é máximo e foi o que mais me marcou”, desenvolveu, sobre o que “mais chocou e impressionou”.
Pela positiva, o padre Almiro Mendes revelou que, “apesar do sofrimento”, encanta-o que esse mesmo povo guineense “oferece sempre muitos sorrisos”.
Fonte: Agência Ecclesia