Às vezes, dentro de nós, tudo é cinzento, até o céu e o vento.
Às vezes, pelo nosso íntimo, passam turbilhões de imagens negativas com legendas de medo.
Às vezes, no âmago do nosso ser, tudo treme e abrem- se crateras na alma, como na terra, depois de agitada por terramoto.
Às vezes, no nosso firmamento interior, o sol tapa- se, a sombra alastra, o céu fecha- se e mergulhamos numa assustadora escuridão.
Às vezes, no mais fundo de nós mesmos, a avalancha de sentimentos contraditórios é uma enxurrada de lâminas que nos golpeia e dilacera.
Às vezes, nos frágeis galhos da nossa alma, poisa, atrevida, a inquietação.
Caríssimos Paroquianos e estimados Amigos, o momento que estamos a viver, esta pandemia que estando tão longe se fez tão perto e se apresentou tão assustadora, pode, se não estivermos atentos e não formos fortes, trazer- nos medo e perturbação. Não devemos permitir. Pelo menos eu não quero entregar- me ao desânimo.
Não gosto do pessimismo nem do negativismo.
É cantando a esperança que se obtém a derrota do desespero;
É cantando a alegria que se consegue a vitória sobre a angústia;
É cantando a luz que se faz a aurora;
É cantando a vida que se afirma a nossa imortalidade;
É cantando o amor que se realiza a nossa primeira e maior vocação;
É sendo otimista que se coloca a vitória como possibilidade.
Não desanimemos!
Revistamo- nos das armas da luz, que são a nossa fé e a nossa confiança na Divina Providência. A história,mesmo nos seus momentos de sombra e de mistérios, tem o dedo de Deus. Ele nunca nos abandona!
Eu tenho uma chave que abre a porta da minha esperança e da minha paz nos momentos mais difíceis da minha vida: nunca digo a Deus que tenho um grande problema; faço o contrário: digo ao problema que tenho um grande Deus e que com a Sua ajuda e com a minha força e inteligência o vou vencer!
Nesta hora tão difícil para todos nós não desanimemos, pois com a nossa força inquebrantável e com a graça de Deus havemos de vencer esta tão inesperada pandemia e os problemas associados que ela aporta.
Permaneçamos unidos na fé, na amizade, na comunhão e na atenção aos que vivem na tribulação, pois a nossa compaixão pelos que sofrem , mesmo que demasiada, é sempre pouca, pois a dor dos que padecem, mesmo que pequena, é sempre mais do que aquilo que merecem.
Continuo a rezar por todos vós, Paroquianos e Amigos, e estão no meu coração os nossos queridos doentes e as pessoas que vivem sozinhas. Ainda hoje telefonei a tantos que estão nesta situação para saber do que precisavam.
Não esqueçamos os nossos médicos, enfermeiros e voluntários que estão na frente de batalha correndo riscos. Eles são, nesta hora, a mais bonita instância do humano bom e o divino excelente.
Que Deus a todos proteja e recompense!
Deixo- vos o meu abraço muito amigo e a força da minha esperança!
Pe Almiro