A verdade existe quando há uma linha contínua e direita entre o que existe fora de nós e os conteúdos das nossas ideias e juízos. Diz-se, pois, que um pensamento é verdadeiro se for fiel à realidade que representa.
Mas será que para ser verdadeiro basta pensar a verdade? Não. É ainda preciso que as suas palavras também sejam verdadeiras, ou seja, fiéis às suas ideias e juízos. Há muita gente que não diz o que pensa, enquanto outros nem sequer pensam no que dizem.
É preciso que haja continuidade entre a realidade e o pensamento e, depois, entre este e as palavras.
E para que possamos considerar uma pessoa como verdadeira será que basta que pense a realidade como ela é e que, depois, seja nas suas palavras fiel ao que pensa e sente? Não. Falta ainda o mais importante.
A verdade mais valiosa é aquela que resulta de uma harmonia entre o que se pensa e o que se vive. Entre o que se acredita e o que se pratica.
Uma vida verdadeira exige que a nossa fé se manifeste aos outros através da nossa existência. Ou os meus valores presidem às minhas decisões ou então nem sequer devo considerá-los meus.
A realidade deve ser apreendida com exatidão, a fim de que a pensemos sem falha ou engano. Depois, importa que sejamos capazes de expressar as nossas ideias com rigor. Mas, mais do que as nossas palavras, são as nossas obras que dão testemunho daquilo em que depositamos a confiança.
A minha vida tem de ser uma convicção. Se assim não for, deixar-me-ei enganar, enganarei e serei, eu mesmo, não mais do que um engano.
Cada um de nós é chamado a encontrar a Verdade, a reconhecê-la e aceitá-la, pensá-la e dizê-la, mas, acima de tudo, a vivê-la, para que outros a possam encontrar nos nossos gestos, muito mais do que nas nossas palavras.
Fonte | IMISSIO (José Luís Nunes Martins)