Era uma vez um homem que era muito rico. Aprendera desde tenra idade a trabalhar muito para ajudar os seus pais na terra e começara cedo a ganhar dinheiro através da realização de tarefas para outras pessoas de forma a poder comprar as suas próprias coisas. Ao chegar à juventude, já era proprietário de algumas terras e dedicava-se à agricultura, à criação e comércio de animais e até à pesca pois havia um rio com peixe abundante nas proximidades. Passados alguns anos, era o homem mais abastado de toda a região e todos admiravam a sua determinação, responsabilidade e entusiasmo.
Um dia, um rapaz veio pedir-lhe uma esmola a casa, dizendo-lhe que tinha tido pouca sorte na vida e que o seu sonho era ser rico como ele. Então, o homem respondeu-lhe:
– Amigo, a causa de toda a pobreza é a ignorância e a melhor maneira de combatê-la é a educação. Há pessoas que são tão pobres que só têm dinheiro e há gente que é tão inculta que só tem conhecimento académico. A pior pobreza é a espiritual, pois não existe esmola para os pobres de espírito. A pobreza intelectual é a mais difícil de curar e a pobreza de princípios é a pior carência que alguém pode possuir. A pobreza maior e mais triste não está na falta de bens materiais, mas na falta do conhecimento, cultura e humanismo. De nada vale ter os bolsos cheios de dinheiro se existir pobreza no coração.
De seguida, o homem disse-lhe que não lhe daria de mão beijada absolutamente nada. Teria que estudar e aprender a trabalhar. Por isso, ofereceu-se para o ajudar a pagar os estudos e disponibilizou-lhe um emprego, pois considerava que se lhe desse algum dinheiro ou alguns alimentos do campo isso só o iria ajudar durante um curto espaço de tempo, mas se o convencesse a estudar, o ensinasse a cavar a terra com a enxada, a lavrar a terra com o trator ou a regar as colheitas com as mangueiras e os baldes, ele poderia ter com que se sustentar a vida toda e daria valor ao trabalho. Como o rapaz aceitou voltar à escola, bem como a proposta de emprego, o homem acrescentou:
– A prosperidade e a pobreza são um modo de viver e pensar, e não apenas possuir ou não ter dinheiro ou coisas. As pessoas são ricas ou pobres de acordo com o que elas são e não segundo o que elas têm. As pessoas ricas têm muito dinheiro, mas eventualmente não descobriram nem o amor nem a amizade. A falta de amor é a maior de todas as pobrezas e a mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado. Os pobres de verdade são aqueles que precisam juntar ouro para alcançar a felicidade. A verdade é que a abundância de bens pode tornar-nos pobres.
Passados uns tempos, uma jovem mulher com um bebé ao colo veio pedir dinheiro para comer pois era mãe solteira e vivia com escassez de tudo e mais alguma coisa. Após pensar um pouco, o homem lembrou-se que dar-lhe alguma coisa naquele momento não resolvia cabalmente o seu problema. Então, disse-lhe que, em vez de lhe dar alguns dos peixes que costumava apanhar no rio, iria oferecer-lhe uma cana de pesca e uma rede e iria ensiná-la a pescar e que, em vez de lhe dar dinheiro para comprar carne, ela poderia ajudá-lo a tomar conta das ovelhas e cabras que tinha e, desse modo, poderia ter e merecer o dinheiro para viver com dignidade durante toda a vida. Ela sorriu, abraçou-o e aceitou logo a oferta generosa. Então, o homem disse:
– Consegue-se sempre dinheiro para a guerra, mas é incrível como não se consegue acabar com a pobreza. Na verdade, vivemos numa sociedade que é capaz de colocar um homem na lua, mas é incapaz de colocar um pedaço de pão na mesa de todos os seres humanos. A natureza produz o suficiente para resolver as nossas necessidades e se cada um tivesse acesso àquilo de que precisa, não haveria pobreza no mundo nem ninguém morreria de fome.
A verdade é que o rapaz e a jovem mãe tinham recebido daquele homem sábio o maior dos tesouros: descobriram que o trabalho realiza e dá dignidade à vida, que a maior riqueza é o amor e a amizade, que a felicidade está na consciência bem formada e em paz e que o sentido da existência reside no altruísmo e na luta pelos nossos sonhos.
Fonte | Imissio