Há quem julgue que a autoestima de que tanto se fala é uma espécie de mistura entre orgulho e vaidade, mas a verdade é que isso são defeitos, pelo que nada de bom poderia resultar da junção de ingredientes tão pouco bondosos.
Aquilo que mais importa é que estejamos em paz connosco mesmos, em vez de criarmos e alimentarmos revoltas interiores. Se tenho algo em mim que me desagrada, negá-lo ou viver em guerra comigo mesmo acerca disso não me dá paz nem me ajuda em nada a melhorá-lo.
Ninguém se aperfeiçoa se não aceitar em paz o ponto de partida.
É possível que haja detalhes e facetas que não nos agradam de todo, mas que também não têm forma alguma de serem melhorados. Nesse caso, ainda é mais importante que os aceitemos se quisermos ter a paz que é condição fundamental para a felicidade.
Que bem posso querer para alguém se não aceito o bem que sou?
Se amar é dar-me, então é essencial que eu valorize o presente que devo ser.
Aceitar-me como sou é também uma forma de levar o outro a aceitar-se como é e a ter paz.
Há uma sabedoria profunda em aprender a acolher quem somos e quem não somos, o que temos e o que não temos. Depois, traçar um caminho e fazê-lo, aceitando a necessidade de verdade em cada passo.
Sem verdade não há o silêncio que nos eleva e torna melhores.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)