A carta que o Papa Francisco pediu para a Santa Sé publicar depois da sua morte:
“Caros irmãos e irmãs,
Se estás a ler esta carta, é porque eu já parti. E antes que a saudade molhe os teus olhos, deixa-me dizer-te: não chores por mim.
Não vivi para ser lembrado por discursos ou fotos. Tudo o que desejei, tudo o quis com a minha fragilidade humana, foi que olhássemos para Jesus novamente.
Que todos saíssem à rua com o Evangelho nos pés, com misericórdia nas mãos e com amor no coração.
Se alguma vez as minhas palavras vos tocaram, não as guardem. Transformem-nas em ação. Abracem quem está sozinho. Perdoem quem vos magoou. Recomecem quantas vezes forem necessárias.
Não esperem que o mundo mude. Sejam vocês a mudá-lo.
Aos jovens, não deixem que vos roubem a alegria nem a capacidade de se surpreenderem.
O mundo precisa da vossa paixão, da vossa arte, da vossa procura pela justiça.
Aos avós: obrigado. Vocês sustentam a história com silêncio e sabedoria. Continuem a contar as vossas histórias. Vivam sempre com amor.
Aos sacerdotes, bispos, toda a Igreja: não se tornem oficiais do sagrado.
Sejam pastores. Sujem as mãos para servir e tenham sempre o coração aceso e pronto a ajudar.
A ti, que talvez estejas a ler com tristeza, com perguntas, digo-te: Deus não partiu. Ele está contigo. Mesmo que tu o sintas longe, Ele caminha ao teu lado .
Eu vou em paz. Não porque não haja dor, mas porque confio.
Confio em vocês. Confio na compaixão. Confio na vossa alegria. Na tua fé, que até pode ser pequena como uma semente de mostarda.
Rezem. Cuidem da Terra. Defendam a dignidade humana. E quando se juntarem para comer, deixem uma cadeira livre. Que seja para o pobre. Que seja para Jesus.
Que o Senhor me prepare para eu morrer bem, morrer em paz.
Com amor de pai,
Francisco”