A Semana de Oração pelas Vocações Consagradas deste ano será vivida num contexto diferente do habitual. O surto pandémico obrigou a medidas prudenciais, tais como o confinamento caseiro e a suspensão de atividades comunitárias, criando assim um quadro que obriga a que esta semana seja perspetivada de um modo diferente e mais criativo. Neste sentido aconselhamos que durante esta semana sejam privilegiadas a oração pessoal e familiar, sem esquecer a oração sempre constante das comunidades religiosas.
A partir da mensagem do Papa Francisco que nos propõe uma leitura do episódio da tempestade na travessia do Lago de Tiberíades (Mt.14,22-33), sugerimos que a oração pelas vocações tenha, antes de mais, um sentido de gratidão. Damos graças a Deus pela vocação como dom da graça divina e por tantas vocações que enriquecem a Igreja, a começar pelas dos sacerdotes e dos consagrados e consagradas. Mas, nestes dias, não podemos deixar de reconhecer e dar graças a Deus porque tantas pessoas, assumindo a sua profissão como uma verdadeira vocação, se entregam totalmente a cuidar dos outros, como são os casos dos profissionais de saúde, dos cuidadores nos lares ou em casa e dos voluntários em várias instituições e projetos. Neste espírito de gratidão há ainda um lugar especial para todas as famílias que são fiéis à sua vocação de comunidades de vida, amor e fé. E, dada a feliz coincidência de esta semana terminar no Dia da Mãe, agradecemos a Deus o dom que representa cada mãe, de modo especial as que assumem a maternidade como uma grande vocação.
O recolhimento em que se encontra a maior parte das pessoas pode gerar um clima de maior silêncio e, em alguns casos, de solidão. Esta situação é favorável a uma oração pelas vocações como verdadeiro espaço de escuta. Escuta, antes de mais, da palavra de Deus que continua a chamar cada um e cada uma para uma vocação específica. No silêncio ecoará mais forte o chamamento que Jesus faz hoje a muitos: «Segue-me!». A escuta é ainda condição para estar atento e captar os sofrimentos da humanidade e as necessidades da Igreja e da sua missão. Daqui poderá brotar, com mais realismo, para os mais jovens e para todos, a pergunta: «Para quem sou eu?».
A nossa oração dirigida ao Senhor da messe para que mande operários para a sua messe, é uma súplica necessária e confiante. Precisamos de pedir para receber esta graça tão importante para a vida da Igreja, uma vez que é grande a carência de vocações consagradas nas dioceses, congregações e institutos. Uma súplica feita com confiança porque acreditamos que Jesus Cristo ressuscitou, está vivo e caminha connosco e que o seu Espírito conduz e enriquece a sua Igreja, pelo que «o Senhor não pode faltar à sua promessa de que não deixará a Igreja privada de pastores sem os quais não poderia viver nem realizar a sua missão» (Christus Vivit, 275).
O Papa Francisco, na sua mensagem, lembra ainda a coragem que é necessária nos momentos de escolhas vocacionais, bem como nos momentos de tribulação como aquele que os discípulos experimentaram no meio da tempestade. Uma coragem que encontra a sua âncora na presença e na palavra de Jesus: «Sou eu, não temais!». Faço votos que esta semana de oração pelas vocações consagradas suscite em cada pessoa e cada família uma coragem redobrada para viver e ultrapassar esta situação de provação em que nos encontramos. Rezemos sobretudo com fé e com a consciência de que a nossa oração, feita em espírito de comunhão, tem muita força. E, como acontece todos os anos a Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios disponibilizará alguns materiais para lembrar, apoiar e enriquecer a oração de todos.
Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor, nos conduza, proteja e abençoe.
Vila Real, 15 de abril de 2020
+António Augusto de Oliveira Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios