Precisamos de ser loucos para chegar a ser felizes. A ultrapassar as razões todas ao ponto de nos confiarmos à fé e saltar para diante. O mal está tão enraizado neste mundo que é preciso ser louco para se ser bom!
Não se deve confiar nas pessoas sem loucura alguma. Podem ser muito organizadas, mas não são humanas. Podem ser aprumadas, mas não têm a beleza do traço. Podem ser muitas coisas, mas desconhecem o que é o génio.
É preciso coragem para se assumir uma vida em desacordo com o que os outros têm por bom. É preciso coragem para dizer ao espelho que queremos mesmo assim, que o nosso sonho é ser quem somos. Diferentes. Únicos e autênticos.
A educação parece passar por ensinar as crianças a reprimir a sua criatividade. Vivem no presente, no mais profundo do presente. São loucas por viver e vivem como nenhum de nós é capaz. Estão contentes e tristes logo a seguir, mas são felizes, porque exploram até ao fim a vida que há em cada dia. Provocam-nos inveja ao ponto de não sermos capazes de ver nelas a vida, de forma muito pura a abundante, a querer viver.
A loucura de uma paixão é mais valiosa de que qualquer sossego que nasça da indiferença ou da cobardia. Serão muitos os erros e as tolices que se fazem, mas o se busca vale muito mais do que qualquer um desses acidentes.
São precisos muitos instantes de loucura para se compor uma vida digna! Afinal, sem loucura não se cria nada de grande, firme e belo.
É preciso muita loucura para sonhar e construir os nossos caminhos para o céu, é preciso que renunciemos aos medos e que não percamos o entusiasmo com os fracassos que se sucedem, às vezes parece que sem fim.
Há algo que devemos dizer e repetir a nós mesmos: “A minha vida não é deste mundo!”
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)