Era uma vez um jovem que tinha abandonado todos os costumes e tradições religiosas da sua família. Punha em questão a existência de Deus e afirmava a inutilidade da fé em virtude da ausência de argumentos racionais e de explicações científicas. Remetia as questões do sagrado e do transcendente para um passado que estava mais do que ultrapassado e para o âmbito de mentes pouco esclarecidas que se deixavam manipular inocentemente por líderes oportunistas, que só queriam o dinheiro dos fiéis e que levavam uma vida muito pouco coerente com o que acreditavam e diziam.
Um dia, o rapaz adoeceu e nenhum medicamento parecia ser eficaz na recuperação da sua saúde. Como as semanas se passavam sem melhoria alguma, a avó disse-lhe:
– Filho, reza a Deus e pede-lhe que te cure. A fé é uma palavra tão pequena, mas tem em si mesma a força mais poderosa do universo. Se a nossa fé for o nosso escudo, e a nossa coragem for a nossa espada, nenhuma batalha estará perdida irremediavelmente. Mesmo que não sintamos muita força, coragem e fé, temos de lutar, não podemos desistir e há que acreditar. Com Deus como nosso aliado, ninguém nos pode derrotar, pois teremos um objetivo para alcançar, força para ser perseverantes, fé para nos mantermos de pé e, assim, sairemos vencedores nas nossas adversidades.
O jovem sorriu com aquelas palavras e respondeu-lhe que se Deus existisse e se fosse bom, não permitiria que ele estivesse a sofrer daquela maneira e que se os medicamentos não estavam a conseguir curá-lo, não seria a fé a resolver o problema. Então a avó, disse-lhe:
– Olha, mesmo que não acredites, eu rezarei por ti. Sei que vais ficar bem. A fé move montanhas e, se Deus quiser, tudo é possível. Quando o mundo diz para desistirmos, Deus gosta de puxar por nós e diz-nos para tentarmos mais uma vez. A chave para vencermos não cai do céu, mas a nossa força vem de lá e nenhum obstáculo será forte o suficiente. A fé não torna as coisas fáceis, mas pode torná-las possíveis e se tivermos força de vontade, o resultado final pode superar as nossas expectativas. Vou deixar-te este livro que fala da vida de um homem que se converteu e foi muito feliz. Lê-o.
O rapaz voltou a sorrir e agradeceu as palavras da avó. Disse que não queria nada com religiões, mas que ia ler o livro. Nos dias seguintes, os pais chamaram o médico a casa, mas o rapaz não quis falar com ele. Depois, chamaram uma ambulância para o levar ao hospital, mas ele não quis ir. Com o seu estado de saúde a agravar-se, veio um helicóptero para o levar, mas ele negou-se a receber qualquer tratamento médico. Em tom irónico, dizia sempre que, se Deus existisse e quisesse, iria curá-lo.
Às portas da morte, uma amiga de infância ouviu falar do que estava a acontecer e decidiu visitar o jovem. Ele ficou muito feliz e logo lhe falou dos conselhos da avó, do livro que ela lhe oferecera, das orações que a ouvia rezar e das tentativas do médico, da ambulância e do helicóptero. Então, a rapariga sorriu e deu-lhe a entender que ele não fora capaz de reconhecer o próprio Deus a ajudá-lo a ficar curado através daqueles profissionais de saúde que ele negara. Depois, disse-lhe:
– Olha, só sei que não te vou deixar morrer, até porque és o grande amor da minha vida e somente agora descobri que não posso viver sem ti. Deus faz milagres através da inteligência e da bondade das pessoas e, por vezes, parece que a vida nos fecha portas, mas, surpreendentemente ou talvez não, Ele abre novos caminhos e oferece-nos novos horizontes. A fé é uma relação de amizade com Deus e ela leva-nos a sentir que Ele nunca nos abandonará e fará tudo o que verdadeiramente precisarmos e for melhor para nós. Deus não dorme nem se esquece de nós e está sempre a cuidar de tudo para que tudo dê certo. Vamos já para o hospital pois Deus quer curar-te.
O jovem sorriu e disse que ela tinha vindo como uma espécie de anjo para o salvar. Foi internado e, passados uns dias, regressou a casa, completamente recuperado. Uns meses mais tarde, casou com a rapariga e toda a gente dizia que nele se reacendera a chama da fé em Deus, na vida e em si mesmo e que ele era um novo homem.
Fonte: Imissio