Nenhum de nós se basta a si mesmo. Esta vida implica que a alimentemos cada dia, que sejamos capazes de encontrar tudo quanto é necessário para a manter. Seja água, comida, descanso… todos temos as mesmas necessidades que, se não forem satisfeitas durante algum tempo, implicam a morte.
Mas será que deve ser cada um por si? Será que há pão para todos e que temos de o repartir de forma justa? Ou a escassez dos bens de primeira necessidade implica uma guerra escondida entre todos os que vivem no mesmo tempo?
O pão que tenho nas mãos agora mesmo é meu ou é nosso? Tenho algum tipo de obrigação de o repartir? Até que ponto a vida dos outros é também minha? E que o meu bem-estar é também um dever dos outros?
Se aqui escrevo estas linhas, isso significa que nunca me faltou o pão de cada dia. Por mérito meu? Não! Porque faço parte de vários grupos, uns mais alargados, outros mais restritos, que não só convivem como se entreajudam. Eu sou parte de vários nós, nos quais sou tão responsável por alguns outros que me sinto na obrigação de lhes dar prioridade em algumas questões como, por exemplo, no pão…
Quando peço o pão nosso de cada dia, será que penso naqueles que o suplicam gritando, e que sofrem ainda mais porque ninguém os escuta? São mesmo meus irmãos? E as crianças que têm ao seu cuidado são menos valiosas do que as minhas filhas?
A própria oração do Pai Nosso começa com uma afirmação clara: Sou filho de Deus, mas não sou filho único.
Importa que eu tenha bem claro que serei julgado pela forma como administrei o pão, que nunca foi só meu, mas de todos aqueles que tenho, ou deveria ter, como irmãos.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)