«Diz-se que o amor…»

Cada qual terá a sua própria experiência, mas já diz o povo que não há luar como o de janeiro nem amor como o primeiro, o amor da praia fica enterrado na areia e amor forasteiro amor passageiro. Também se diz por aí que o amor não envelhece pois morre criança, o amor nasce de quase nada e morre de quase tudo e o amor novo vai e vem mas o velho se mantém.

O que sei é que, como diz a sabedoria popular, o amor nasce da vista e vai ao coração, o amor é cego e a amizade fecha os olhos, o amor olha de tal maneira que o cobre lhe parece ouro, a afeição cega a razão, quem ama o feio bonito lhe parece, o amor e a afeição cegam os olhos do entendimento, por mais que o amor se encubra mal se dissimula, em amor mais difícil é ocultar o que se sente do que o que se sabe e o amor é um frenesim que todos veem menos quem dele está possuído.

Também não ignoro que o amor dá muito trabalho e até consumições, grande amor grande labor, quem tem amores tem dores, a dificuldade é o aguilhão do amor, quem mais ama mais madruga, o amor a muito obriga, grande amor grande perdão, a chaga do amor quem a faz a sara, o amor é cego mas vê muito ao longe e o amor não tem lei e é sempre imprudente.

A verdade é que amor que pica sempre fica, pancadinhas de amor não doem, amores amuados amores dobrados, mãos frias coração quente amor para sempre, mãos quentes amores ausentes e o amor e a fé nas obras se vê.

Ainda dizem as pessoas que o amor dá coragem e dá fraqueza, o amor é um passarinho que não aceita gaiola, o amor morre mais de indigestão do que de fome, quem tem sorte ao jogo não tem sorte aos amores, ninguém se faz amar pela força ou pela violência e no amor quem foge é que é o vencedor.

Valha-nos a convicção de que o amor é como a lua, quando não cresce míngua, o amor é forte como a morte, o amor tudo vence, amor com amor se apaga, onde manda o amor não há outro senhor e amar e reinar nunca dois a par.

Resta-me um pedido: procura “amar-me quando menos mereço, pois é quando mais preciso“.

Fonte: Imissio