Definição de paróquia é dada pelo Código de Direito Canónico que declara: «Paróquia é uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, e seu cuidado pastoral é confiado ao pároco como a seu pastor próprio, sob a autoridade do Bispo diocesano.»
A história da Paróquia de Canidelo é primitiva e data do início da nossa nacionalidade, de acordo com os documentos escritos. A importância da povoação ao padroado da Igreja de Santo André, muito cobiçada por poderosos locais e, por isso, passadas de mão em mão, ao longo destes séculos.
A primeira destas transações surge numa escritura de 03/02/1124, pela qual João Mendes e sua esposa Maria Sarazina doam ao bispo D. Pedro, do Porto, e ao Cabido da Sé do Porto, o padroado da Igreja de Santo André de Canidelo: “Eu João Mendes (Midiz, no original) e minha mulher Maria Sarrazina (Sarrazinis) ao senhor bispo portucalense Pedro, doamos o padroado da Igreja de Santo André de Canidelo”.
Após esta primeira transação, várias foram as doações e vendas, desde 1132, passando de mão em mão entre o Mosteiro de Grijó e poderosos locais.
Há documentos e factos que revelam a estadia de Dona Inês de Castro, na Quinta do Paço, ligada à Igreja Paroquial. A D. Pedro I é doado pelos amigos Coelhos esta Quinta, onde terão permanecido desde o início de 1352 até ao fim de 1353, e aí ter nascido a Infanta D. Beatriz.
Após a morte de D. Inês de Castro, em 1355, em Coimbra na Quinta das Lágrimas, Canidelo nunca foi esquecido por D. Pedro I e seus moradores.
Em 1363, provavelmente como reconhecimento pelos tempos em que aqui viveu com Inês, o rei D. Pedro I elevou Canidelo à categoria de concelho. Um município com as mercês e regalias próprias, como eleger juízes, ter jurisdição civil e criminal e cadeia própria. Foi o terceiro concelho da margem sul do rio Douro. O concelho viria a ser extinto em 06/04/1375 pelo rei D. Fernando I, regressando à jurisdição de Gaia, onde se manteve até hoje.
D. Beatriz viveu em Canidelo, onde parece ter nascido em 1352 ou 1353; mas como sucedeu a seus irmãos, D. Dinis e D. João, teve de se refugiar em Castela, em 1377, fugindo à vingança da pérfida D. Leonor Teles, e aí se casou com D. Sancho, irmão do Rei Henrique II. Com a saída de D. Beatriz, Canidelo vai ter novos proprietários.
D. Fernando I, a 14/09/1381, entrega as quintas de Canidelo e da Afurada, a Afonso Gomes da Silva, com todas as rendas e pertenças. Doa em 19/01/1382, a quinta de Afurada a Vasco Gomes de Abreu, apesar dos protestos de Gomes da Silva e, em 20 de Outubro do mesmo ano, estando em Alfeizerão, confirma que o primeiro fica com Canidelo e o segundo com Afurada. Afinal, a posse das terras concedidas aos dois vai ser sol de pouca dura.
A crise de 1383 leva-os a tomar o partido do rei castelhano, D. João I, e a perder as doações. O Mestre de Aviz, por carta de 02/04/1384, concede a Lourenço Mendes, criado da Infanta D. Beatriz, pelos bons serviços prestados ao reino, a doação que renova em 12/11/1385.
A Quinta não era só uma propriedade de cultivo, mas um latifúndio, com vários quilómetros, até ao Douro e ao Oceano, abrangendo os lugares de Afurada e Lavadores, sendo por isso muito cobiçada.
A Quinta pela sua grandeza, continua de mãos em mãos por venda.
Os direitos sobre a Igreja de Canidelo são trocados pelos de Santa Maria de Gulpilhares e aquela fica pertença dos Cónegos de Grijó que, com isso ficaram a ganhar, pois Canidelo era, nessa altura, taxado em 130 libras por ano, quando Mafamude o era por 50, Avintes por 70, Santa Marinha por 400 e Valadares por 100. Canidelo pagava, por ano, ao Bispo do Porto, 27 alqueires de trigo, 27 de cevada e 20 de milho.
Exércitos e lutas que passaram por Canidelo, e por estas terras instalaram o quartel-general.
Canidelo, através dos tempos, passou de mão em mão, desde as origens; na posse régia, de particulares, do bispado do Porto e do seu cabido, dos conventos de Grijó e do Pilar (Cónegos Regrantes de Santo Agostinho ou Crúzios), dos marqueses de Abrantes.
Os Cónegos do Mosteiro da Serra do Pilar tinham, na paróquia de Canidelo, uma casa de férias, localizada na Quinta de S. Paio, perto da Afurada, lugar já referido em documentos do séc.XIII.
Ao lado existe a Capela de S. Paio, construída por Gaspar Braga, em 1568, transformada no séc. XVIII e restaurada nos anos 80, com a ajuda do povo e da autarquia, sob a orientação do arquiteto Manuel Magalhães. A inauguração desta última fase foi em 24 de Fevereiro de 1985, com a presença do Senhor D. Domingos de Pinho Brandão, bispo auxiliar do Porto.
Os cónegos venderam a quinta em 14/11/1767; voltaram a comprá-la, por contrato a 07/06/1768.
Em 25/09/1936, as Irmãs Oblatas do Coração de Jesus adquiriram a Casa e a Quinta onde exercem uma profícua ação apostólica naquela povoada comunidade.
Foi em S. Paio, que se fixaram os primeiros habitantes de Afurada, como refere um documento: “se pagarão os pescadores que pescarem no arinho da furada, homde chamam Sam Payo, abaixo de Gaia, no fundo de Santa Catarina”.
Canidelo foi-se desenvolvendo e hoje é uma metrópole muito povoada.
A título de curiosidade e de interesse turístico, as praias de Lavadores, do Paniceiro e de em Salgueiros trazem todos os anos milhares de pessoas a Canidelo. Em termos de património, saliente-se a Quinta do Fojo, em Coimbrões. De origem barroca, foi construído no século XVIII pelo general inglês William Nevill. A Casa Santa Isabel, antiga Brévia dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, localiza-se junto à foz do rio Douro. É uma casa seiscentista, neogótica, muito alterada no século XIX. Planta em U, de três pisos, com fachada principal virada para o rio e para o mar. Partindo dos Quatro Caminhos em direção ao sul da freguesia, temos a Quinta do Paço, medieval; a Casa dos Sás, com notável ornamentação de cantaria; e a Igreja Paroquial de Santo André, cujo espólio artístico é muito rico.