Se o amor não gerar vida, não é amor. Vida capaz de transbordar alegria a partir do mais íntimo da alma, vida capaz de ajudar a sarar as feridas mais extensas e os sofrimentos mais profundos.
O amor não funciona a dois. Ou os que se querem amar se abrem ao céu, ou então nunca se amarão. O amor ou se abre ou morre.
A nossa existência resulta do amor. A criatura que somos é chamada a ser criadora, amando e dando mais vida à vida, de todas as formas, desde uma simples alegria a quem está triste, passando pela presença junto de quem, de outra forma, choraria desamparado, até a compromissos maiores do que a nossa própria existência individual.
O amor alimenta-se da confiança. Quando amamos alguém não podemos obrigá-lo a aceitar o nosso amor. Esse reconhecimento e acolhimento só pode acontecer como um ato livre. O amor só pode ser oferecido, não imposto.
Reconhecer que sou amado é um ato de amor! Mas amar com verdade implica uma confiança ainda maior. Envolve que eu vá ao encontro do outro, que o escute com atenção e que atenda às suas necessidades, dando-me. E tudo isto sem qualquer garantia que serei sequer reconhecido ou valorizado.
Hoje, num mundo em que somos mais inspirados a duvidar do que a confiar, a preocupação mais comum é a de procurarmos ter provas de que somos amados. Ao contrário, são poucos os que arriscam amar, entregando-se a alguém que pode, de forma livre, não os aceitar.
O amor é uma vontade de vida, é o que faz a vida querer viver, prosperar e multiplicar-se ainda que nas circunstâncias mais adversas. O amor é uma forma de imortalidade que se eterniza acima de quem o escolhe e de quem por ele é abençoado.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)