Celebração da Sexta-feira Santa

Ontem Sexta-feira Santa celebramos a Paixão do Senhor.

Somente neste dia, durante todo o ano, não se celebra a Santa Missa.

A Igreja está despida de flores, de velas, o Altar sem toalha e o paramento do Padre é vermelho. Esta celebração iniciou-se com o Padre Almiro prostrado, um comportamento de veneração da humildade de Jesus Cristo, e os fiéis em silêncio profundo ajoelhados.

Ao invés da Missa tivemos uma celebração que se encontra dividida em três partes, juntas formam o memorial da Paixão e Morte de Nosso Senhor:

  • Primeira parte: a “Liturgia da Palavra e Oração Universal”. Iniciou-se com o ritual de profundo silêncio, com o Padre Almiro prostrado, pelo pesar e tristeza da Igreja e em veneração da humildade de Jesus Cristo, perante os fiéis que se ajoelharam. Segue-se em seguida a leitura de Isaías, o Salmo e a leitura da Epístola aos Hebreus. O relato do Evangelho de São João foi mais do que palavras, foram imagens da Paixão do Senhor, como tal foi uma leitura por palavras acompanhadas por imagens feita por encenação. A homilia do Padre Almiro dirigida ao Senhor Jesus Cristo pregado na Cruz – Filho muito amado do Pai, pedindo perdão pelas várias formas de morte, da maldade humana, continuando nos dias de hoje a mata-l’O. Esta primeira parte termina com a Oração Universal, uma série de oração pela Igreja, pelo Papa, pelo Clero, pelos Leigos da Igreja, pelos catecúmenos, pela unidade dos Cristãos, pelos que não acreditam em Cristo e em Deus, entre outras intenções.
  • Segunda parte: “Adoração da Cruz”, veneração individualmente a Jesus, com um beijo ou simples inclinação, ao som de hinos cantados pelo coro. O significado de venerarmos o madeiro da Cruz é adorarmos a Jesus que foi pregado na cruz através do toque concreto que faziam naquele madeiro onde Jesus foi estendido e que foi banhado com Seu sangue. Enquanto a Cruz foi venerada tivemos o nosso coração e a nossa mente a ultrapassar aquele madeiro, até encontrarmos o Senhor pregado naquela Cruz, dando a Sua vida para nos salvar. Quando beijamos a Cruz, não a beijamos por si mesma, mas como quem beija o próprio rosto de Jesus, significando a gratidão por tudo o que o Nosso Senhor realizou através da Cruz. Foi através da Cruz que fomos salvos. Nossa vida pode confundir-se com a cruz de Jesus em muitos momentos da vida, mas diante dela temos a certeza que não estamos sós, que Jesus caminha connosco e, para além da dor, existe a salvação. Jesus é um Deus vivo e operante em nosso meio.
  • Terceira parte: “Sagrada Comunhão” é celebrada com base no rito final da celebração, iniciou-se com o Pai-Nosso, omitindo de seguida a “Partilha do Pão”. A Eucaristia foi a consagrada na Missa da Ceia do Senhor da Quinta-feira Santa, é distribuída neste momento. Após recebida a comunhão pelos fiéis, o Padre Almiro despede-se sem a bênção e em silêncio, e a toalha do altar é retirada, deixando o Altar limpo.

Esta Celebração memorial não é somente o relembrar de factos passados, é muito mais, é celebrar o presente tudo aquilo que Deus realizou em outros tempos. Fomos mergulhados no tempo para encontrarmo-nos com a Graça de Deus no momento da Salvação, e nessa lembrança que trazemos a nós.

“Sim Senhor Jesus Cristo perdoa-nos, porque afinal não são os Anjos que crucificam, não são os demónios que te matam, mas nós, nós os humanos, nós os loucos aventureiros na senda do mal, nós a quem deste liberdade, nós a quem incumbiste a construção de um mundo novo e feliz, nós a quem criaste à Tua imagem e semelhança para sermos bons, como Tu és bom, santos como Tu és Santo”.

“Senhor Jesus Cristo elevado na Cruz, assumes a noite da nossa dor e do nosso pecado, faz-nos passar pelos métodos da Tua Paixão, de todas as formas de morte, à vitória da Tua ressurreição para que todos tenhamos vida e a tenhamos em abundância. Amén”

Padre Almiro Mendes