A Paróquia de Santo André de Canidelo (V. N. Gaia), a que preside o P. Almiro Mendes, realizou neste domingo 28 de maio uma cerimónia solene de inauguração do novo Centro Paroquial com o título Cidade de Deus e dos Homens. A cerimónia foi presidida por D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, e contou com a presença de Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara de Gaia, de Maria José Gamboa, Presidente da Junta de Freguesia, os sacerdotes da vigararia e autoridades e entidades ligadas à paróquia. Procedeu-se também à bênção da primeira pedra da futura igreja nova da paróquia.
A cerimónia teve lugar na antiga seca do bacalhau, ao lado do Centro Social já em funcionamento, em espaço acomodado para um encontro que reuniu muitas centenas de pessoas.
Com a apresentação “profissional” de Jorge Gabriel, que soube assinalar festivamente e com indispensável sentido de humor, a ação aglutinadora do Padre Almiro Mendes, os participantes, mesmo acometidos pela chuva, puderam seguir uma apresentação visual daquele espaço, entre o ar desmoronado dos antigos edifícios da seca do bacalhau até ao atual aproveitamento edificado ao serviço da promoção humana, escolar, social e cultural de mais de 400 crianças que são acolhidas no centro social.
Foi tempo de reconhecimento, traduzido através da oferta aos principais responsáveis, arquitetos, construtores, responsáveis autárquicos, artistas e apoiantes com toda a espécie de colaboração, incluindo os membros responsáveis pela paróquia.
A intervenção do pároco, Padre António Almiro Mendes, realçou a colaboração da autarquia, o esforço das estruturas paroquiais, a vontade e a capacidade de edificar e levar por diante, em tempo breve, de cerca de um ano em empreendimento cuja riqueza maior foi a de congregar esforços, generosidade e dedicação de muitos.
Trata-se de um exemplo virtuoso de colaboração entre as entidades oficiais (Câmara Municipal e Junta de Freguesia), eclesiais (Misericórdias, movimentos), reconhecendo a capacidade de aglutinação de esforços da paróquia e das estruturas vivas, das dedicações pessoais e coletivas, num verdadeiro exemplo do que a doutrina social da Igreja salienta como valor social: a subsidiariedade, o deixar que as estruturas sociais, aproveitando o apoio de todos, façam rentabilizar a colaboração das entidades e estruturas oficiais da sociedade, como recomenda mais uma vez o Papa Francisco na Laudato Si, considerando que o principio da subsidiariedade vem doutrina social da Igreja, e está presente na organização politica de muitos países, desejando que se aproveitem as potencialidades dos grupos sociais intermédios (n. 157). Por sua vez, Bento XVI afirmava na “Caritas in veritate”, que solidariedade e subsidariedade devem estar juntas, como pilares para o bem-comum (n. 58).
No seu estilo interpelativo, interiorizante e prospetivo, o Padre Almiro afirma: “Uma paróqioa é sempre um mar de possibilidades, um lugar revelador da beleza do humano, um espaço par ao encanto com o divino e uma instância onde todos se podem sentir acolhidos, servidos e amados”. Isso mesmo se exprimia nos cartazes que lembravam “Canidelo sabe (a) mar”. “Caniselo (com)vida”.
O novo projeto da igreja paroquial surge no contexto deste ideal. Foi colocado no interior da primeira pedra, como é usual, um pergaminho com a assinatura do bispo do Porto, do Pároco, do Presidente da Câmara e da Presidente da Junta, tornado como que constitutivo da própria pedra, nesta simbologia entre o material e o humano, entre a natureza e a força criativa das pessoas.
Por isso é de esperar que ao fim demais um ano a paróquia de Canidelo, cuja população se aproxima das trinta mil pessoas, certamente com ideologias e ideais diferentes, possa estar a celebrar ou a preparar a inauguração de um novo templo, transformando esta pedra não rejeitada mas assumida em muitas outras pedras angulares de uma construção certamente moderna mas com a força congregadora da nova arquitetura.
Uma encenação dos grupos da catequese e da formação cristã interrogavam-se “Como se irá construir a nova igreja”?, e respondiam trazendo cada um tijolo na mão, cuja união virá a tornar-se força de construção. Este movimento era acompanhado por música empolgante: uma ária de Bach, as quatro estações de Vivaldi, algum aleluia escondido e revitalizador.
Este é também um ensinamento: na criatividade da expressão artística se ajuda a moldar a criatividade da ação. Que todas edificam o louvor de Deus e a realização de cada pessoa humana e do seu universo.
Fonte: Voz Portucalense