Quatro sacerdotes da diocese do Porto viajaram durante nove dias para entregar um Jipe à diocese de Bafatá na Guiné-Bissau. Com eles rumaram quatro leigos que ofereceram uma viatura pick up. O bispo do Porto esteve na Guiné e juntou à viatura oferecida pela diocese uma quantia substancial em dinheiro que ajudará à construção de um refeitório para as crianças de Caió.
Por Rui Saraiva
Quatro sacerdotes e quatro leigos partiram no passado dia 3 de fevereiro do Terreiro da Sé do Porto para uma viagem de solidariedade e amizade para com os irmãos da Guiné-Bissau. Os sacerdotes ofereceram o Jipe no qual viajaram e os leigos a viatura pick up que levaram nesta aventura. O bispo do Porto juntou-se mais tarde ao grupo levando uma substancial quantia em dinheiro que servirá para ajudar à construção de um refeitório para as crianças de Caió.
Uma viagem solidária
Os sacerdotes e párocos da Diocese do Porto que partiram nesta viagem solidária foram os seguintes: o padre Almiro Mendes de Canidelo, o padre Luciano Lagoa da Trofa, o padre André Ferreira da Lixa e o padre António Teixeira de Oliveira do Douro.
Os quatro leigos que levaram uma Pick Up para a ONG “Na Rota dos Povos” foram: António Ribeiro, Tito Baião, Luís Pedro e Fernando Lino. A ONG “Na Rota dos Povos” nasceu em 2001 e dedica-se sobretudo à educação. Ajuda jovens guineenses a estudarem em Portugal, equipa escolas na região de Tombali, ajuda os órfãos de mães que morrem no parto e ainda oferece refeições a um infantário.
Esta viagem missionária de nove dias atravessou a Espanha, o Estreito de Gibraltar, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Senegal e a Guiné.
O padre Almiro Mendes que já levou 5 outros jipes para África assumiu um papel de coordenador desta peregrinação solidária. Foi ainda cansado da viagem que falou à VP assinalando que não obstante as dificuldades e os riscos vividos, esta aventura foi “um abraço” à Guiné-Bissau:
“Foi um abraço. Os abraços acho que são sempre venturosos e, neste sentido, foi feliz para nós, abraçar a Guiné desde aqui da diocese do Porto. Mas todas as amizades implicam sacrifício e, por isso, esta viagem sendo de amizade à Guiné também teve os seus sacrifícios. Não é uma viagem que seja rápida nem fácil. Somos chamados a ousar sofrer dificuldades e a ultrapassar os riscos” – afirmou.
O padre Almiro referiu ter existido uma grande “comunhão” entre os “sacerdotes e os leigos” que partilharam as agruras de uma viagem na qual “as estradas a as fronteiras foram a maior dificuldade”
“Algumas fronteiras são um verdadeiro pesadelo” – revelou o sacerdote da diocese do Porto assinalando o exemplo da fronteira entre o Saara Ocidental e a Mauritânia.
Ousadia, alegria e bons frutos no futuro
Foi uma viagem que permitiu viver uma “alegria indizível quando entregamos as chaves do Jipe a umas missionárias e ao senhor bispo D. Pedro Zilli, bispo de Bafatá” – disse o padre Almiro recordando em especial o gesto de proximidade do bispo do Porto que viajou para Bissau de avião no dia 12 de fevereiro, para entregar pessoalmente o Jipe e uma substancial oferta às Missões da Guiné-Bissau.
“O bispo do Porto não só ofereceu o Jipe, e só isso já é um gesto profético, mas quis ir de avião ter connosco para conhecer um pouquinho a Guiné e depois entregar pessoalmente o Jipe ao senhor bispo de Bafatá, D. Pedro Zilli. E isso constituiu para mim uma admiração, uma estupefação e quase que uma comoção. Porque não é muito normal os bispos terem esta ousadia e esta coragem. O nosso teve-a e foi um gesto profético” – declarou.
O padre Almiro revelou também a sua alegria pelo momento marcante de ver o bispo do Porto na Guiné transmitindo amizade e solidariedade aos meninos e meninas de Caió que são ajudados por missionárias espiritanas:
“A alegria de o vermos chegar de avião, a alegria de o transportarmos a Caió, no interior, uma tabanca, uma aldeia onde ninguém vai…a não ser aquelas corajosas irmãs espiritanas missionárias… E o senhor bispo estar lá a conversar com aquelas crianças, a oferecer bolachas e a deixar uma quantia tão substancial de dinheiro para se fazer um refeitório para aqueles meninos e meninas que têm o estômago minguado por causa da falta de alimento foi, realmente, marcante” – afirmou.
O sacerdote referiu ainda “a coragem, a ousadia e a robustez” do bispo do Porto durante esta viagem, na qual “não teve um tempo de sossego”. O padre assinalou ter visto D. Manuel Linda “sempre alegre e animado e, às vezes também comovido”.
Sobre esta relação de amizade entre as dioceses do Porto, Bissau e Bafatá, que agora se solidificou, o padre Almiro Mendes considerou que “vai dar bons frutos” num futuro que será “venturoso” na relação entre estas dioceses que unem, desta forma, Portugal e a Guiné-Bissau.
Em pleno Ano Missionário a diocese e o bispo do Porto testemunha a sua fé desta forma, indo ao encontro dos irmãos da Guiné-Bissau. A solidariedade com os guineenses continuará em breve com o envio de uma ambulância oferecida pelos Bombeiros Voluntários de Vila Meã.
Fonte: Voz Portucalense