A viagem começou a 3 de Fevereiro, diante da Sé do Porto: “Quando estacionámos o jipe em frente à catedral do Porto, às 15h30, a aragem fria que fustigava o morro da Sé ameaçava o calor ténue do sol que desmaiava o seu brilho no Rio Douro.” Terminaria doze dias depois, em Bissau: “Esta África está a pedir, em silêncio e já há muito tempo, uma obra de aglutinação de esforços da comunidade internacional, Igreja incluída, para sair do marasmo e atonia de uma pobreza endémica que tem funestas consequências.”
Por desafio do 7MARGENS, surgiu um diário de viagem, que agora deu origem a um livro. Como os Ramos na Videira será apresentado nesta sexta-feira, 13, no Auditório da Paróquia de Mafamude (Vila Nova Gaia), a partir das 21h30, para contar a aventura: quatro padres e outros quatro leigos católicos da diocese do Porto atravessaram Portugal, Espanha, o Mediterrâneo, Marrocos, Sara Ocidental, Mauritânia, Senegal e Guiné-Bissau para entregar um jipe e uma pick-up a missionários católicos e aos voluntários da ONG A Rota dos Povos que trabalham neste país lusófono africano.
Durante os dias da viagem, o padre Almiro Mendes relatou as peripécias e sobressaltos, contou histórias e falou da História, registou os cansaços e fez humor. Ao sétimo dia, Ao mesmo tempo, fotografias de vários dos companheiros de viagem mostravam o caminho, o quotidiano, os cansaços, o convívio e a boa disposição da viagem.
“Não foi sem padecimento que tecemos estas reflexões, quase todas sentadas no colo do cansaço que uma viagem destas sempre impõe e adormecidas nos braços longos das noites e horas curtas que tivemos”, descreve o autor do diário, na apresentação escrita para a edição do livro. “Nasceram todas de um parto difícil e com uma só intenção: tornar mais conhecido, admirado, e sobretudo socorrido, o querido Povo da Guiné.”
Partilhar experiências e coordenar acções
No final da expedição, o padre Almiro escrevia também: “As palavras semeadas no nosso diário não buscaram a eloquência; são, apenas, vivências manifestadas, sentimentos expostos, dores caladas, problemas narrados, lágrimas choradas, silêncios experimentados e alegrias incontidas. Tudo tímida e envergonhadamente revelado. Apesar disto, ficamos esperançados que todos os que perfuraram a rocha da inércia e leram esta “peregrinação” tenham encontrado nos acontecimentos singelos e nas palavras simples, um caudaloso canal de fertilização do espírito.”
Pelo caminho, não faltou o inesperado de dar com um hotel que não existia e de ter de procurar abrigo alternativo; ou de aguardar sete horas, ao sétimo dia – e contá-lo no 7MARGENS… – para atravessar uma fronteira, por causa da fila de camiões, dos falhanços da internet ou da meia hora em que os guardas fecharam a alfândega para rezar…
Ao longo do percurso, e do diário, ressaltava também uma realidade que, tão perto de Portugal, é tão desconhecida no país, com as cores, sabores, sons e necessidades diferentes daqueles que habitam os quotidianos portugueses.
Fonte: 7Margens