Não culpar os outros é um excelente princípio de vida, mesmo nos momentos em que nos sentimos inocentes dos males que se abatem sobre nós. Nunca temos o direito de culpar quem quer que seja. Talvez nem a nós mesmos.
Devemos aperfeiçoar-nos tanto quanto possível, buscando superar as nossas falhas, mas sem nos fixarmos nelas, sem perdermos tempo a escavar o que já é um buraco. Faz-se o caminho andando para diante, não ficando a pisar e repisar o mesmo sítio.
Se nenhum de nós é perfeito, será culpado disso mesmo? E quando erro fruto de alguma fragilidade minha, será que fui eu ou a fraqueza que também sou?
Não negues as tuas culpas, assume-as. O mundo está cheio de gente que quer parecer perfeita aos olhos dos outros. Seria tão bom vivermos onde todos mostrassem quem são, sem se sentirem menores nem maiores que ninguém, apenas autênticos e, por isso mesmo, únicos e valiosos.
Sou culpado do mal que escolho fazer, ainda que não seja responsável pelas tentações que me seduzem a fazê-lo.
Sou culpado do bem que não faço, porque é meu dever ser bom, mesmo quando isso não me é agradável.
Ainda que sinta culpa, nunca ela é um destino final. O início da minha redenção está no reconhecimento das minhas culpas, ou, pelo menos, das que sou capaz de reconhecer. Quanto às outras, o melhor mesmo é não nos perdermos a tentar encontrá-las em nós e muito menos nos outros.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)