O medo nunca está nos perigos que nos assustam, está sempre e só em nós. É o medo que é perigoso. A consciência de que, por vezes, o medo é apenas um monstro interior que nos quer moribundos é já um golpe decisivo para o vencer e para vivermos melhor.
Há medos bons, até porque o excesso de valentia é por vezes pior do que a cobardia, porque conduz a resultados ainda mais imprudentes e trágicos.
Aqui, como em tudo, importa encontrar a virtude por entre os excessos.
Todos sentimos medo, mas alguns de nós conseguem assumir uma espécie de coragem de existir que permite viver uma vida muito mais larga, sem demasiadas inquietações.
Quem tem medo do sofrimento já está a sofrer. Se tens medo, vai ver. Aproxima-te e poderás verificar que a fonte de desassossego é, quase sempre, menor do que aquela que a tua imaginação havia criado. A ignorância é cúmplice do medo.
Se tenho mesmo de sofrer, então mais vale que seja já.
Por maior e mais concreto que seja o perigo que tens à frente, não deixes que o medo seja maior do que tu, não permitas que seja ele que guie os teus passos. Olha o medo nos olhos e vais vê-lo fugir de quem lhe pergunta quem é.
Não tenhas medo de perder quem amas. Não o perderás, nunca. Entretanto, aproveita para o amares o melhor que puderes já neste mundo.
Se não tiveres medo da vida, compreenderás o que é a morte.
Não fujas de nada, ama.
Não temas o ódio dos outros, tem, sim, esperança no seu amor.
Quem ama é feliz. Por mais horrores que tenha de sofrer por causa disso, se o amor for verdadeiro, a sua alma fez-se feliz… e assim será, para sempre.
Fonte: Imissio (José Luis Nunes Martins)