Não és só mais um na orquestra. A tua vida é vivida em conjunto com outros. Mais do que vivermos, convivemos.
Não há duas famílias iguais, assim, a maior parte das comparações não são boas, porque não têm em conta o mais importante: a singularidade de cada pessoa que as compõe. Igual é no mundo do trabalho, onde cada equipa, por maior que seja, depende muito mais de cada um dos membros do que possa parecer.
Não há famílias felizes sem que tenham de investir muito tempo, esforço e afeto para que assim seja. Numa qualquer família, os laços naturais são os menos importantes, na medida em que a paz e a felicidade nunca são automáticas, bem pelo contrário… se nada se fizer, então é certo que haverá discórdia e infelicidade. É preciso decidir, cada dia, ser família da nossa família.
Numa orquestra todos têm uma missão específica a desempenhar, ninguém está a mais, e não há mais nem menos importantes. Formam um corpo onde a harmonia significa beleza. Se cada um cumprir o seu papel, todos ganham de forma igual. Nenhuma sinfonia pode ser interpretada por uma só pessoa, por mais hábil e talentosa que seja.
Amar é encontrar espaço para o outro poder ser quem é, mas nunca demasiado próximo. E tempo para se aperfeiçoar, sem nunca deixar de acreditar que ele é capaz, por mais que os fracassos se sucedam.
Eu preciso do outro para ser eu! A solidão que não se escolhe é uma condenação a não-ser. Somos importantes e essenciais, mas nunca apenas dentro de nós. O isolamento involuntário corta-nos os caminhos para o bem.
Só serei feliz se alguém o chegar a ser por minha causa!
Cada um de nós é convidado a colocar a sua vida ao serviço de outros, entregando-se de forma mais ou menos profunda para que se alcancem objetivos que ninguém consegue sozinho.
O melhor de mim não é para mim. O amor leva-nos ao outro e permite que nos realizemos. Somos de quem amamos, porque decidimos que assim é, fazendo o que for necessário para que assim seja.
O amor não é um gesto, é uma vida inteira.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)