O silêncio de alguém perante as nossas palavras é um sinal claro de respeito e admiração. Dar-nos o seu tempo e espaço, concede-nos um pedaço da sua vida. Por vezes, ter alguém que me escute é tudo quanto basta para me ajudar de forma decisiva.
Uma pergunta autêntica seguida de um silêncio atento é um convite a que uma vida toque na outra, um pedido de ajuda para que o outro tire partido do que sou.
Há muitos que julgam que já sabem tudo, satisfazem-se com a pequenez e nunca alargam os seus horizontes. Chega-lhes o que já foram, o futuro parece servir-lhes só como tempo para usufruir do passado.
Por outro lado, há outros que, com um sorriso, não desistem de ser sempre mais. Agradecidos pelo que já têm, lutam por aquilo que lhes falta. Honram o dom da sua vida porque se desafiam sempre a ser mais.
Aprende a escutar. Coloca o espírito acima do teu ego e fixa a tua atenção naquele que te fala, ouve as palavras e escuta as suas ideias.
Escutar implica que eu oiça o outro, ao mesmo tempo que escuto o mais fundo de mim.
Ao escutar, procura compreender, não estejas a ouvir apenas para responder.
Escuta até ao fim. Não tenhas pressa, por vezes demora muito tempo para que alguém consiga libertar-se do que lhe pesa ou do que lhe é mais íntimo… as aproximações e tentativas que faz não são falhas, fazem já parte do processo, não as interrompas.
E depois de escutares, se te esqueceres de falar, mas não de tentar compreender mais fundo o que te foi dito, então talvez tenhas encontrado um dos caminhos para a verdade.
Lembra-te que é preciso muita coragem para alguém se dispor a escutar e a aprender. Agradece-o a quem o faz por ti.
Os rancores e as desarmonias são, muitas vezes, consequência direta da ignorância. Conhecer o outro é meio caminho para o amar.
Dá espaço e tempo. Dá-te. Ama, entregando ao outro a tua presença e o teu silêncio.
Só ama quem escuta.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)