Tenho uma jarra muito bela. Está em minha casa, junto a uma janela, por onde o vento entra e sai.
É frágil, mas não é falsa. É feita de barro e pode partir-se num instante, no entanto foi moldada e pintada por pessoas que lhe dedicaram muito do seu tempo e talento.
É frágil, mas não é falsa. Tem imperfeições, mas nenhuma delas a faz imperfeita.
É frágil, mas não é falsa. Talvez seja fácil de destruir, mas isso faz dela mais preciosa. Porque ninguém, nem quem a fez, a pode criar outra vez.
É frágil, mas não é falsa. Nunca é garantido o amanhã de nenhum de nós. A vida, tal como a minha jarra, é frágil. Apesar disso, a luz da sua beleza é tão verdadeira que é capaz de nos fazer ver o mundo todo com outras cores, talvez mais verdadeiras.
É frágil, mas não é falsa. A vida, tal como a minha jarra, pode ser virada do avesso com muita facilidade, no entanto basta sermos prudentes e estarmos atentos para que possamos evitar muitas tragédias e acidentes.
É frágil, mas não é falsa. Parece ser apenas um recipiente para conter e mostrar flores, valendo mais pelo que nela for colocado, do que por si só. No entanto, é esta sua capacidade de se colocar ao serviço do outro, fazendo brilhar, que faz dela mais bela do que qualquer arranjo de flores que alguém lhe possa pedir para segurar e expor.
É frágil, mas não é falsa… porque é bela.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)