O mundo quer-nos sempre a mexer. A fazer coisas. Acordamos cedo e a sentir que já estamos atrasados para quase tudo.
Não se deve confundir movimento com avanço. Há quem ande sempre à procura de algo, mas quer apenas impressionar os outros, não pretende produzir ou encontrar nada de concreto.
Enquanto tratamos das urgências, gastamos o nosso precioso e finito tempo, não sobrando nada para cuidarmos do que é importante. Muito trabalho não é o mesmo que bom trabalho.
Se o que queremos na vida é a paz que vem da felicidade, então o que importa não é a quantidade nem a velocidade, mas apenas a qualidade do que fazemos.
Não temos tempo para nada. Nem para pensar e repensar os nossos erros, nem para gozar o bem de que fomos capazes. Vivemos os nossos dias e noites como se estivéssemos a guiar a alta velocidade… sem tempo nem atenção, senão para evitar tragédias futuras. No entanto, a verdade é que nos sentimos a acelerar numa pista fechada, ou seja, por mais rápido que decidamos fazer esta corrida, jamais sairemos do mesmo circuito. Passando vezes sem conta pelos mesmos lugares e tempos… quando até a pé, e sem pressa, chegaríamos mais longe e conheceríamos a cada dia um lugar diferente.
As pessoas tendem a demorar todo o tempo que têm disponível para executar uma tarefa. Se têm uma hora, apressam-se e cumprem. Se têm três dias, são capazes de criar estranhos mecanismos que ocupam todo o tempo disponível para fazer o mesmo, ou talvez pior, do que se tivessem apenas uma hora. Como se estivéssemos mais do que viciados em trabalho, cheios de medo de ter paz.
Alguns de nós temos listas de tarefas a cumprir. Seria bom que nelas constassem também a nossa missão, os nossos objetivos e, porque não, o que devemos evitar fazer, para não nos perdemos.
O melhor mesmo seria ter tempo para descansar, pensar, meditar, rezar, passear, saborear, rir, brincar, pintar (ainda que sem jeito nenhum!), ouvir música, admirar aqueles que amamos, enfim, viver.
Se gastas a vida em coisas que não são viver… há algo de errado nas tuas prioridades. Andas perdido, por mais rápido que andes!
Não te distraias, não contes com futuros em que tudo te será propício. Ou tratas tu disso ou então… esses dias nunca chegarão. Entretanto, um instante basta para que esta vida passe… e acabe.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)