Não sou de um só lugar. Sou de cada pedaço de caminho que me permite ir de onde estava para onde quero ou tenho de ir. Tenho tantas casas que sou mais do caminho que as liga do que de alguma delas.
Sou tanto do lugar onde comecei esta minha vida como daquele onde estou ou daquele em que me despedirei desta existência.
Não sou desta casa onde vivo agora, outras pessoas viveram aqui antes de mim e outros diferentes o farão depois.
Não sou alguém feito que apenas pode ser o que já é. Sou alguém que é chamado a escolher-se, a fazer-se e a avançar com os resultados de tudo isso.
Onde sou mais eu? Em todos e cada um dos momentos que me foram, são e serão dados a viver, mas em nenhum mais do que em qualquer outro.
A minha meta não é deste mundo, a casa onde espero descansar não virá ao meu encontro, sou eu que devo encontrá-la por caminhos nos quais poucas vezes há só flores. Os bons trilhos são duros e cheios de adversidades, sem atalhos, sem desculpas nem escapatórias.
Os caminhos dos infernos são fáceis e com belas paisagens ao longe. É claro que o caminho que uns sobem é o mesmo que outros descem…
… é o que buscamos que dá valor aos nossos passos.
Sobe, sobe sempre. É sempre melhor subir!
Segue em direção à luz, deixando sempre as sobras atrás de ti.
E os outros, o que encontram eles em ti?
Faz caminho e faz-te caminho. Que os outros encontrem em ti pedaços e instantes do amor que os leva à felicidade.
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)