Aconteceu na noite do passado 27 de Outubro. Apesar da violenta ventania e dos fortes aguaceiros, foram muitos os que compareceram na «Cidade de Deus e dos Homens», respondendo assim ao convite do Papa, para que, naquele dia e em todo o mundo, cada comunidade da Igreja rezasse pela paz.
O início da celebração foi marcado por esta mensagem do Papa, projetada em vídeo: «Viver, falar e atuar sem violência não é render-se, não é perder nem renunciar a nada. É aspirar a tudo. (…) Uma paz duradoura só pode ser uma paz sem armas. (…) Façamos da não-violência, tanto na vida quotidiana como nas relações internacionais, um guia para o nosso agir».
Recordando a encíclica Pacem in Terris, onde João XXIII, há sessenta anos, advertia que «a guerra é uma loucura que acaba sempre numa derrota para todos», o Papa Francisco convidava-nos naquele vídeo a rezar por uma cultura de não-violência. Foi acolhendo este convite que decorreu a oração daquela noite. Começou com a leitura de excertos de textos do Vaticano II e da encíclica Fratelli Tutti sobre a guerra e a paz, a que se seguiram momentos de silêncio meditativo, que sempre terminavam com um cântico entoado por todos.
À proclamação de uma leitura do profeta Miqueias (4, 1-4) (onde se recordava que o sonho de Deus era a utopia em que as espadas e lanças se transformavam em ferramentas de trabalho), seguiu-se um silêncio orante, que depois deu lugar a partilhas de vários dos presentes, a exteriorizarem aquilo que mais lhes tinha ressoado nos textos proclamados.
Na tarde daquele mesmo dia, o Papa tinha presidido em Roma a uma oração pela paz. Foi em sintonia com essa oração, que o encontro se serviu das mesmas preces feitas na celebração do Vaticano, pedindo a Deus que «triunfe a Paz nos corações, nas famílias e no mundo». Antes dessas preces, uma outra súplica foi feita através de um cântico, a implorar a vinda do «Espírito Criador» para «transformar o mundo e recriar a vida do homem».
A oração terminou com o Pai Nosso cantado e com todos a rezarem em uníssono a conhecida e sempre atual oração de S. Francisco de Assis: «Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz», a preceder a bênção final.
Nesta hora em que as imagens dos horrores e da crueldade todos os dias nos mostram um mundo manchado de sangue, continuemos a rezar, para que se abram brechas da luz da paz, dissipando a sombria realidade da guerra, que cada vez mais ameaça toda a humanidade.