Gostava de ser um amigo verdadeiro. Aquele de quem alguém se lembra quando um sofrimento o desgraça. Incapaz de alegria se tiver um amigo a passar pelos vales da tristeza.
Gostava de ter a coragem de dizer sempre a verdade aos meus amigos, por mais desagradável que seja, se isso lhes for útil. Mas sempre e só no tempo certo, sabendo escolhê-lo e esperando por ele.
Gostava de apoiar os meus amigos quando a vida lhes corre mal. Não importando de quem seja a responsabilidade. Queria ser o que está presente, respeitando a distância. Em silêncio, apenas afirmando a minha lealdade através da presença.
Gostava de ser capaz de dar abraços que fossem melhores do que as casas daqueles a quem os desse. E de ir onde fosse preciso para os entregar.
Gostava de ser um semeador de alegrias e um matador de medos no dia a dia daqueles cujas vidas se cruzem com a minha.
Gostava de ter sempre presente os sonhos dos meus amigos e contribuir para a sua concretização, na medida do possível, como se fossem meus.
Gostava de ajudar de perto, em vez de aconselhar ao longe. E que a minha ajuda fosse uma certeza. Tão certa como a vida querer viver.
Gostava de pedir ajuda, de agradecer e de pedir perdão. Sem esperar nada em troca, não reclamando pelo que não me agradecem nem pelos males que não assumem. Gostava de ser aquele que é capaz de perdoar até as deslealdades dos seus amigos!
Gostava de ser amigo de algumas pessoas que não me conhecem, e que não me passariam a conhecer ainda assim.
Gostava de amar os meus amigos, sempre. Não pelas suas qualidades, mas tão-só por serem amigos que escolhi.
Gostava de preencher as necessidades do outro, mais do que procurar eliminar os meus vazios.
Gostava que o meu abraço pudesse ser um abrigo seguro no meio de uma qualquer tempestade.
E, entre ser amigo de muitos ou de poucos… creio que se fosse de poucos já seria alguém extraordinário!
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)