Quase todos nós temos ambições, sendo que alguns desejam mesmo a perfeição, como se fosse um prémio que gostavam de exibir a todos. Ora, esta luta para não ter falhas é, muitas vezes, apenas uma preocupação extrema com o que os outros pensam!
Sempre que defino objetivos demasiado ambiciosos para a minha vida estou a condenar-me à frustração de não os alcançar. Depois, começarei a pensar que não tenho valor, porque não consigo chegar àquilo a que me propus.
Há uma enorme diferença entre querermos melhorar e desejar que nos admirem.
Nenhum de nós é os resultados que alcança. A nossa identidade não depende dos sucessos ou fracassos dela, muito menos a curto e a médio prazo.
Quem se concentra apenas nos resultados deixa de ser capaz de viver e desfrutar dos caminhos de cada dia, por onde sempre se pode experimentar, aprender e crescer.
Não há pessoas perfeitas. Amar alguém é aceitá-lo com todas as suas imperfeições, amando cada uma delas. Não é amor se depende da forma como o outro se comporta e se isso corresponde, ou não, à ideia que temos de perfeição.
Há crianças que são educadas sob esta pressão. São amáveis apenas quando de portam bem, ou melhor, de acordo com aquilo que aqueles adultos em causa entendem que é o perfeito. Caso contrário, ficam sozinhas e sem amor, porque afinal são… feias.
O perfecionismo é um fardo, um abuso que causamos a nós mesmos. Destrói relações, limita a nossa produtividade, criatividade, inspiração e alegria, causando sofrimento injusto e desnecessário.
Há até quem nem chegue a começar uma tarefa e desista, tal é o medo de não conseguir fazer tudo bem. Mas só quem arrisca ser idiota é que chega a ser feliz!
Se me preocupo demais com o olhar alheio, deixo de ser eu. E se quem aparece não sou eu… então a verdade é que me estou a esconder, não a aparecer. E daqui se geram ansiedades concretas e muitos outros problemas que corroem a nossa paz.
Não há mal em querer ser melhor, mas querer ser perfeito é um inferno.
O segredo talvez seja ir aprendendo com os erros, sem deixar de os fazer, sem deixar de errar, sem deixar de aprender.
A perfeição não é deste mundo, aqui só há pessoas normais, cheias de falhas mais ou menos belas, que não deviam ter medo de ser felizes!
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)