Nem eu sou o mais importante do mundo, nem todos somos iguais. Partindo destes princípios, é importante que eu seja capaz de me expulsar do centro do mundo e de estar mais atento à forma como cada um dos que estão perto de mim pensam e sentem.
Conhecer a forma como alguém pensa e sente é fundamental para a compreender, e isto é, talvez, ainda mais importante do que nos conhecermos a nós mesmos. Aliás, parte de um princípio que nos obriga a ser mais verdadeiros: a humildade de não pensarmos apenas em nós, como se fossemos a única pessoa valiosa no mundo.
O valor de alguém depende da sua capacidade de ser dom na vida dos outros. Ora, ninguém pode amar alguém, ou sequer ajudar, se não souber quem ele é.
Cometemos grandes erros sempre que julgamos e agimos com grandes certezas a respeito dos outros, sem que os tenhamos consultado antes ou feito um esforço para nos colocarmos no seu lugar.
Se não somos capazes de pensar e sentir a vida a partir do seu ponto de vista, então é bom que assumamos pelo menos isso: que não sabemos.
Há sorrisos lindos que escondem dores profundas, há pessoas com histórias muito duras, tão amargas que se esforçam para as esquecer, ou, pelo menos, para que não lhes estejam sempre a doer. Vistas de fora, estas pessoas têm vidas aparentes que muitos desejam.
O céu começa em mim, mas a porta é aberta no coração do outro. Só quando sou bom para o outro é que sou bom para mim, e não funciona ao contrário.
Sou céu quando o sou para outro. Compreendendo-o como alguém irrepetível, com uma história, sonhos, formas de pensar e sentir profundas e únicas.
Amar alguém é ver nele o que só ele tem.
Há pessoas que apenas se conhecem a si mesmas, julgam que são tudo o que há no mundo, os outros são apenas meros figurantes numa peça que é afinal um monólogo. Condenaram-se à prisão invisível que é o egoísmo. Se apenas são úteis a si mesmas, não fazem diferença no mundo.
Fonte: Imissio (José Luis Nunes Martins)