Agradecer nove anos do nosso pastor ao serviço de uma paróquia aberta a todos

O diia doze de Outubro é um marco de referência da nossa paróquia, porque foi nessa data que o padre Almiro, há nove anos, entrou ao serviço da comunidade de Canidelo. Por isso, foi dada uma maior solenidade à principal celebração eucarística do passado domingo, 15 de Outubro, presidida pelo pároco e concelebrada pelo padre José Maria. O grupo coral, com a sua composição mais alargada, aprimorou a execução dos cânticos, servindo-se de variações melodiosas em várias vozes, enriquecidas com o acompanhamento de instrumentos musicais de corda e de sopro. Foi desta forma abrilhantada que a comunidade quis agradecer a incansável dedicação do padre Almiro a Canidelo.

Ao comentar a parábola que compara o Reino de Deus a uma festa para que todos são convidados, o padre Almiro confessou que a preparação da homilia daquele domingo lhe fez acalentar o sonho de uma paróquia de portas abertas. Na sua reflexão sobre o Evangelho, mostrou-nos como a vida com Deus é uma festa para que todos, «bons e maus» são convidados. Repercutiam-se nas suas palavras o eco daquelas que o Papa tinha utilizado no discurso do Parque Eduardo VII: «Na Igreja, ninguém é de sobra. Nenhum está a mais». Havia na reflexão do nosso pastor uma convicção decorrente daquela que o pastor universal tinha partilhado em Fátima, ao recordar-nos que, à semelhança do que se vê na capelinha das Aparições, «a Igreja não tem portas, para que todos possam entrar». Só assim é que ela é «a casa da Mãe, e uma mãe tem sempre o coração aberto para todos os seus filhos, todos, todos, todos, sem excluir ninguém».

Na saudação de agradecimento, feita por um membro da paróquia no momento de ação de graças, foi dito que o sonho formulado pelo Padre Almiro na sua homilia precisava de ser entendido como um convite a dar seguimento ao desafio lançado pelo Papa Francisco na homilia do Mosteiro dos Jerónimos: «Por favor, não transformem a Igreja numa alfândega: aqui entram os justos, os que estão em ordem, os que estão bem casados… todos os outros lá fora. Não. A Igreja não é isto. Justos e pecadores, bons e maus, todos, todos, todos». O Santo Padre agradecia aos bispos, padres, diáconos e consagrados ali presentes o esforço de «levantar-se todos os dias para começar de novo ou para continuar o que se começou». Foi essa mesma gratidão que a comunidade de Canidelo quis expressar ao seu pastor por tudo o que ele tem feito por Canidelo, pela sua disponibilidade sempre atenta, pela sua entrega tão generosa, pelo seu espírito congregador e empreendedor, pelo modo como nos transmite a Palavra e como nos desafia a encetarmos caminhos de Esperança. Um pequeno vídeo projetado antes de terminar a Eucaristia recordava aos presentes alguns momentos da vida da nossa comunidade, ao longo dos nove anos em que teve à sua frente o padre Almiro, a abrir novos horizontes de renovação.

A prolongada salva de palmas que ecoou, mal o vídeo acabou de ser projetado, e a entrega de um simbólico presente, feita ao padre Almiro naquele momento, foram a calorosa expressão de quanto a comunidade muito agradecia tudo aquilo que ela deve ao trabalho dedicado do padre Almiro. Que este gesto de gratidão muito sentida lhe possa constituir de incentivo, sobretudo nos momentos de maior desânimo. Numa altura em que a paróquia tem pela frente desafios tão exigentes, cabe a todos os paroquianos secundar o nosso dinâmico pastor, na consecução do sonho partilhado na sua homilia. Como nos lembrou o Papa na abertura do Sínodo, a 4 de outubro, a Igreja só é «uma igreja aberta a todos, todos, todos», quando ela «tem Deus no centro e, consequentemente, não se divide internamente e nunca é dura externamente».

É cheia de significado a circunstância de ter sido no mês das missões e na mesma altura em que a Assembleia Sinodal está reunida em Roma, que se celebrou o aniversário da entrada do padre Almiro em Canidelo. Trata-se de uma coincidência que abraça fecundos pressentimentos e que consolida a convocação de toda a nossa paróquia para uma nova chamada. Não basta a conservação do que existe, é preciso ousar a iniciativa missionária de ir ter com os que estão distantes, vivendo «para lá das fronteiras visíveis da doutrina e das instituições religiosas» (Tomás Halik). Só com essa abertura, a Igreja pode viver a catolicidade. Somos desafiados a sair para as encruzilhadas do mundo, pois o “dom do alto” é para todos. 

Numa Igreja sinodal, ninguém fica excluído. Continue a contaminar-nos com este seu sonho, padre Almiro.

Texto: Dr. Manuel António